Numa tentativa de deixar de ser egocêntrica, fujo do "eu" e entro no "ela", espiando pela fechadura da alma alheia... Marcia Mattoso





quinta-feira, 18 de agosto de 2011

PENUMBRA


Está vendo o vulto daquela mulher na janela?
Caminha nua pelo quarto...um copo à mão e vez por outra, um cigarro que a envolve em fumaça.
Lentamente...caminha para a luz, revira gavetas, revira armários...parece buscar um segredo que nem ela percebe.
Pisa macio, aproxima-se da janela, senta-se numa poltrona alí ao lado, pernas ao alto, pés descalços...descansa do seu nada...fumando, engolindo a fumaça do seu fracasso.
Cabelos longos, presos num coque, de repente são soltos e ela balança a cabeça, parece colocar alguns parafusos e idéias no lugar (será?).
Discreta mas cheia de manias, manuseia delicadamente suas atitudes e manipula a realidade.
Suas curvas, sua pele branca e macia, seus olhos, sua boca...suas marcas, suas mágoas e cicatrizes a fizeram envelhecer, só que a menina ainda vive nela, ainda existe no seu sorriso, no seu olhar, no seu jeito de falar, aquela doçura da menina que nunca a abandonará...
Está vendo o vulto daquela mulher na janela?
Ela é feita de mistérios, se esconde na penumbra de um passado e sonha...sonha sonhar...sonha amar...e amanhã, quem sabe...continuar! 


Marcia Mattoso 


Nenhum comentário:

Postar um comentário